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terça-feira, 30 de novembro de 2010

A ocupação inglesa de Goa

No dia 6 de Setembro de 1799, pretextando ter chegado notícia, que saira de Brest uma poderosa esquadra francesa, para atacar Goa, vieram de Bombaím, sem requisição nem pedido do governo português, entraram em Goa três batalhões e dois destacamentos, incluindo artilharia, sob o comando do coronel William Clarke.

O governador Veiga Cabral era um homem de acanhada inteligência e muita vaidade, de modo que Clarke torneou a questão da ocupaçõa efectiva pedindo-lhe todo os dias as senhas de segurança militar como se seu subordinado fosse e pretando-lhe todas as homenagens como se Cbral fosse o seu superior, levando o governador a elogiar para Lisboa a conduta dos regimentos ingleses.

Do governo de Lisboa, recebeu contudo ordens diferentes, para que interviesse junto do marquês de Wellesley governador da India britânica, que promovesse a retirada das tropas inglesas de Goa.

Ao contrário e depois de algumas operações de maquilhagem com retiradas parciais de tropas , reforçadas com a chegada de muitas mais, acabaram por ser igualmente ocupadas Damão e Diu.

Só a 1813 começaram os ingleses a evacuar os territórios da india portuguesa e a 2 de Abril do mesmo ano sairia o ultimo regimento inglês da India

(creitos História de Goa de Manoel José Gabriel Saldanha)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Conselho de regência em tempo de crise

Os tempos em que se discutia a probabilidade da declaração de regência por parte de D.João , eram difíceis para a imagem do príncipe , tida como titubeante e indeciso, e refém por acusações recíprocas dos "partidos" anteriormente referidos.

Acrescia a este aspecto de natureza política, outro de natureza financeira, acusando-o de não saber gerir as finanças públicas, oprimindo o povo com a emissão continuada de papel-moeda o que o desacreditava bastante, ao mesmo tempo que desvalorizava esse mesmo papel, e ainda ao facto de ter sido inteiramente delapidado um empréstimo de 20 milhões de cruzados que tinha sido concedido.

Os partidos existentes reflectiam também os campos de influência politica francesa ou inglesa, sendo D.António de Araújo Azevedo, Seabra da Silva e o duque de Lafões defensores da primeira e D.Rodrigo de Sousa Coutinho e o marquês de Ponte de Lima do lado as orientações vindas de Londres.

A ascensão de Napoleão ao poder com o 18 Brumário deste ano, viria a ameaçar Portugal de uma invasão através da Espanha, visto que o ministro Godoy, não deixava de incentivar o seu rei Carlos IV, pai de Carlota Joaquina a invadir Portugal, ne sequência do estimulo napoleónico para afrontar o mais antigo aliado britânico.

Talvez por razões de solidariedade para com a filha tenha obstado a que Carlos IV o fizesse contrariando os conselho de Godoy. Esse foi o lado positivo do casamento de D.João com uma tão alta figura da família Borbon espanhola.

Essa mesma predominância, custou a Carlota Joaquina a presença no Conselho de Regência, então formado por oposição específica do duque de Lafões, que não veria com bons olhos a presença dela nesse órgão, exactamente pelos seus laços de sangue.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A formalização da regência





A 15 de Julho de 1799 formaliza a condição de regente passando a assinar como Príncipe regente em vez da assinatura Rainha que utilizava nos textos emanados pela coroa , pois há muito que se desvanecera a possibilidade de Rainha D.Maria sair do estado de demência.

A legitimidade monárquica impedia que nenhum monarca pudesse ser destronado, o que afastava a possibilidade de D.João ser proclamado rei, enquanto a mãe fosse viva, mesmo neste caso em que estavam afastadas todas as hipóteses de recuperação.

O conselho de Estado que deliberava sobre a incapacidade da rainha era composto apenas pelos 4 secretários de Estado e um deles Seabra da Silva, opunha-se a essa mesma formalização alegando que a regência implicava a convocação de cortes , que não se reuniam em Portugal desde 1698, pois essa era a lógica do absolutismo que se vivera em reinados anteriores.

Não pode dizer-se contudo que Seabra da Silva fosse um anti-regime absolutista, um liberal no sentido do termo no seu tempo. A oposição de Seabra da Silva, deve observar-se no contexto das opções partidárias da época. Simplifica-se se disser que por uma lado se situavam os partidários da primeira nobreza e por outro a oposição dividida em dois grupos os pró-franceses e os pró-ingleses, de acordo com as suas simpatias e afinidades.

No fundo a oposição de Seabra da Silva, prendia-se com a noção que a regência desse mais força ao Príncipe D.João, e visse a conceder o titulo de primeiro-ministro a Rodrigo de Sousa Coutinho, do partido adverso

Ao príncipe D. João dominava-o uma preocupação constante, o medo que lhe acontecesse o mesmo que a Luís XVI. Falar-se-lhe em convocar as cortes, quer dizer falar-se-lhe em fazer o mesmo que Luís XVI fizera convocando os Estados Gerais, era o mesmo que anunciar-lhe que viria atrás de si uma Assembleia Constituinte, a república e o cadafalso.

Por isso, com uma severidade que não estava nos hábitos do príncipe, apenas José de Seabra proferiu o fatal conselho, com que os outros ministros não concordaram, foi logo demitido pela segunda vez de todos os seus cargos, e mandado para fora de Lisboa, para a sua quinta do Canal junto da Figueira com a proibição de voltar à corte