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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1807-5ºparte

  • A ocupação militar do Norte
Apesar da convenção anexa ao Tratado de Fontainebleau prever que as tropas francesas e espanholas ocupassem o país ao mesmo tempo, tal não se passou quer no sul, quer no norte de Portugal.

Tendo plena consciência disto mal chegara a Abrantes, Junot ordenou então que a Divisão espanhola do General Carrafa, que acompanhara a entrada das tropas francesas em Portugal, se dirigisse para o Porto.

Porquê o norte e não o sul? Era natural que Junot tomasse aquela resolução, pois como o General Taranco se demorava a ocupar o território denominado como Reino da Lusitânia Setentrional (segundo o aludido tratado), "era necessário ir segurar a importante cidade do Porto, por onde podiam sair grande parte dos habitantes e das riquezas de Portugal, sendo a segunda cidade do reino em grandeza e opulência, e achando-se também nela a prata das igrejas do Bispado e de Braga"

(José Accursio das NEVES, História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal, e da Restauração deste Reino – Tomo I, 1809, Lisboa, pp. 299-300).


A marcha da Divisão Carrafa foi no entanto bastante morosa. Estas tropas alcançaram Tomar no dia 28 de Novembro, mas só partiram no dia 9 de Dezembro, talvez em virtude do atraso do pagamento duma contribuição que Carrafa tinha imposto.

De Tomar partiram em direcção a Coimbra (onde foram arrecadados mais dez mil cruzados, a somar aos quatro mil adquiridos em Tomar). Quando chega ao Porto, já a Divisão do seu conterrâneo General Taranco encontrava-se aí há alguns dias.

  • Desarmamento das forças armadas portuguesas
Junot achou prudente desarmar o exército português, mesmo levando em conta que era patente que o nosso exército não aparentava qualquer possibilidade de fazer frente ao exército ocupante.

Porém por decreto de 22 de Dezembro, os regimentos de infantaria e cavalaria são reduzidos a uma quarta parte, formando-se uma legião portuguesa que depois seria enviada para França

  • Uma força militar britânica, comandada pelo general Beresford, ocupa a ilha da Madeira.
A ilha foi declarada colónia britânica e os funcionários portugueses obrigados a juramento de fidelidade ao monarca da Grã-bretanha. Beresford foi o Governador nomeado para dirigir a Madeira. Esteve no cargo poucos meses mas introduziu várias reformas.

sábado, 8 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1807-4ºparte


  • O Conselho de Regência dirige-se a Sacavém para receber as tropas invasoras
Durante a caminhada de Junot para Lisboa o Conselho de Regência decide enviar uma delegação a Sacavém para receber as tropas invasoras.

Francisco Stockler que ainda exercia as funções de secretário da Real Academia das Ciências, foi um dos dignitários escolhido para em nome da Regência do Reino, saudar o general invasor.

Esta atitude, e ainda o facto da Academia haver de imediato eleito Junot para sócio, emitindo um diploma que, acompanhado por um discurso laudatório, foi entregue a Junot por Stockler, enquanto secretário da mesma, granjearam-lhe fama de colaboracionista, ao mesmo tempo que o colocavam na confiança dos franceses.

Aceitando de Junot o comando da bateria da Areia, próximo a Belém, que entrou em acção para impedir a saída de navios portugueses que pretendiam refugiar-se no Brasil, Stockler deu provas de verdadeiro colaboracionista, o que levou a que, após a retirada francesa, a Regência lhe retirasse todos os cargos e privilégios.

Stokler foi apenas um dos bajuladores, exorbitando como aliás alguns membros da Junta de governadores no colaboracionismo ordenado pelo Conselho de Estado e pelo regente D.João.

Pensa-se que esta estratégia de "boa harmonia" com o invasor, tentava não excluir a hipótese de retoma de negociações de paz com Napoleão a partir do Brasil

  • Primeiras disposições de Junot
Mesmo com excelente recepção, Junot não deixou de tomar providências para assumir o controlo do País, colocando gente sua em lugares chave. O general Delaborde foi designado governador de Lisboa e Hermann um diplomata que já fora cônsul em Lisboa, passou a integrar a Junta como comissário, tomando depois conta do Erário Régio e das finanças, sendo também Lagarde outro oficial francês nomeado para intendente da Polícia.

Procurando assegurar a ordem pública, foram impostas regras para o recolhimento nocturno da população, fechadas casa de jogo e proibidos ajuntamentos e claro interdito o uso e porte de armas.

  • Motins em Lisboa
Mesmo com as medidas impostas por Junot, não se evitaram os motins na cidade, destacando-se em 13 e 14 de Dezembro, depois de ter sido içada no Castelo de S.Jorge uma bandeira portuguesa no mínimo sem a presença da bandeira portuguesa a seu lado.

Muita da contestação, tinha motivação económica, normalmente relacionada com a paralisação da economia .Em qualquer dos casos a repressão era enorme, não sendo difícil que essa contestação acabasse em fuzilamentos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A retirada da família real para o Brasil



  • Convocação do Conselho de Estado
O príncipe regente apenas nos dia 23 de Novembro recebeu a notícia da penetração de tropas francesas em território português. Convocou imediatamente o Conselho de Estado,
que decidiu embarcar para o Brasil toda a Família Real e o Governo, servindo-se da esquadra que estava pronta para o Príncipe da Beira e as infantas.

Na mesma ocasião foi constituída uma Junta de governadores,que ficava encarregue de dirigir o País durante a ausência do regente D.João.

Esse concelho foi constituído pelo Marquês de Abrantes, o tenente general Cunha de Meneses, o principal Castro que ficaria como regedor de Justiças, Pedro de Melo Breyner, o tenente general D.Francisco Xavier de Noronha,Presidente da Mesa da Consciência e das Ordens,Conde de Castro Marim,Conde de San Paio,D.Miguel Pereira Forjaz e João António Salter de Mendonça.

As instruções dadas aos Governadores, dizia-se que "quanto possível for", deviam procurar conservar em paz o Reino, recebendo bem as tropas do Imperador.

  • O embarque da família real para o Brasil

No dia 26 de Novembro D.João foi juntar-se à família, que após a decisão de retirada para o Brasil, se mudara de Mafra para o palácio de Queluz, ficando assim mais perto de Lisboa.

O príncipe real foi dos primeiros a chegar ao local de embarque acompanhado do sobrinho D.Pedro Carlos , sendo recebido a bordo por lord Strangford, sendo Carlota Joaquina a última a chegar fazendo-se acompanhar pelos seus 8 filhos desde a primogénita Maria Teresa até à mais nova D.Ana de Jesus.

Às 7 da manhã do dia 29 de Novembro foi dada ordem para se levantarem ancoras, Quando a última fragata que compunha a frota partiu ouviu-se um tiro de canhão disparado pelo primeiro destacamento francês chegado à cidade, porém a bala de canhão caiu na água.

Dezoito navios de guerra portugueses e treze ingleses escoltaram mais de vinte e cinco navios mercantes de Lisboa até à costa do Brasil. A bordo seguiam mais de quinze mil portugueses, (número bastante controverso)

Não se trata portanto da retirada da família real para o Brasil, mas sim de toda uma corte, atendendo ao número de pessoas envolvidas,às família nobres numerosas, juntavam-se alguns criados e muita gente ligada a serviços de ofício menores, soldados e outros servidores da Casa Real