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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Acontecimentos no ano de 1809-3ªparte

  • A acção determinante do Brigadeiro Silveira
Na sua caminhada para o Porto, as tropas do general Soult, no dia 20 de Março com muito pouco resistência organizada, ocupam Braga apenas 8 dias depois de terem ocupado Chaves.

O objectivo de Soult era o Porto.

 Após a ocupação do Porto, Soult enviou uma força para sul do Douro, mas na região de Trás-os-Montes, as comunicações ao longo da linha do Douro com as forças francesas em Espanha estavam cortadas pelas tropas do brigadeiro Silveira. que fora obrigado a retirar de Chaves, acantonando  as suas tropas em Vila Real mas, assim que soube que Soult se dirigiu para Braga, reuniu as suas tropas, regulares e irregulares, e cercou a guarnição francesa que ali tinha ficado. 

Esta rendeu-se após cinco dias de cerco. Em seguida, Silveira dirigiu-se para Amarante onde, além dos muitos ordenanças que conseguiu reunir na região de Chaves, recebeu também muitos dos fugitivos que tinham escapado do Porto. O seu exército agora contava cerca de 10 mil homens.

As forças do brigadeiro Silveira ocuparam a margem esquerda (Leste) do Tâmega e protegeram com trincheiras e alguns obstáculos as pontes e vaus daquele rio. Quando o destacamento de Loison, que Soult tinha enviado para estabelecer contacto com as forças de Lapisse, chegou ao rio Tâmega encontrou todas as passagens defendidas pelas tropas do brigadeiro Silveira. 

Da resistência colocada ao avanço das tropas francesas, a defesa da Ponte de Amarante foi a acção mais significativa. Entre 7 de Abril e 2 de Maio, as forças portuguesas conseguiram impedir que as tropas francesas passassem para Leste do Tâmega e, igualmente importante, conseguiram imobilizar durante todo aquele tempo uma parte importante do exército de Soult que, depois de reforçado por duas vezes o destacamento de Loison, somava já cerca de 9 mil homens.

As tropas francesas acabaram por passar o Tâmega mas, devido à acção das forças de Silveira e da coluna sob comando de Beresford, que tinha saído de Coimbra no início de Maio e chegado a Peso da Régua a 10, acabaram por ser obrigadas a voltar para trás. No dia 12 de Maio, quando as forças de Wellesley entravam no Porto, Loison iniciava a retirada de Amarante para Guimarães. 

Nesse mesmo dia Soult iniciava a sua retirada em direcção à Galiza.

Fonte Wilkipedia


  • Chegada de Wellsley  a Lisboa
 Arthur Wellesley foi o quarto filho do marquês de Mornington e de Ann Hill, a filha mais velha do visconde de Dungannon. Foi educado em Eton College e na Academia Militar em Angers, na França. Iniciou a sua carreira militar nos aquartelamentos do Regimento 73 na Inglaterra. 

Nasceu na Irlanda em 1769, curiosamente no mesmo ano de Napoleão. e viria a distinguir-se como militar na Índia onde o seu irmão era governador-geral.

Egocêntrico, duro, ultraconservador, seguiu mais tarde a carreira política tendo seguido mais tarde a carreira politica sendo por duas vezes nomeado primeiro-ministro inglês.

Em 1814 foi agraciado com o título de duque de Wellington, tendo desempenhado um papel de grande relevo, na sequência das invasões francesas assumindo o comando das tropas anglo-portuguesas no dia 22 de Março de 1809

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Acontecimentos no ano de 1809-2ªparte

  • Linchamento do general Bernardim Freire de Andrade

Como foi atrás descrito, atendendo ao avanço das tropas francesas em direcção a Chaves, foi decidido pelo general Bernardim Freire de Andrade governador militar do Porto, que vencera os franceses em Caminha e em Cerveira, perante aquela investida para Chaves decide não sair em defesa daquela praça, preferindo o recuo para o Porto.

Dizem que revelando permeabilidade à influência popular, que acusava o general de ter aberto o caminho ao avanço francês, os soldados portugueses prendem o seu comandante, sob a acusação de traição. Após vários incidentes, a situação do general acaba por ser aparentemente resolvida quando o oficial prussiano o barão de Eben que comandava o regimento britânico sediado no Porto, e que consegue salvar  Freire de Andrade das mãos dos amotinados, sob a alegação de o enviar para uma prisão em Braga onde aguardaria julgamento,

Contudo a pequena escolta enviada para o proteger não foi suficiente para impedir a sua captura e posterior linchamento junto à prisão de Braga no dia 18  de Março de 1809.

  • A tomada da cidade do Porto

A situação no país em especial no norte do País era de grande confusão, acusações e condenações à morte sumárias aconteciam por todo o lado, juízes, militares e outras pessoas que se julgassem próximas dos franceses eram linchados  e os seus cadáveres arrastados pelas ruas do Porto e atirados ao Douro.

Enquanto isso as tropas francesas avançavam em direcção aquela cidade, Guimarães, Trofa, e Barcelos foram sendo tomadas pelas tropas de Soult.

A cidade era defendida por cerca de 20 mil homens indisciplinados e mal armados, comandadas pelo bispo D.António de São José de Castro,sendo  que após várias escaramuças e reencontros, as tropas francesas entram na cidade no dia 29 de Março, saqueando-a e proclamando vitória.

Tentando escapar aos ataques da cavalaria francesa, o povo fugia em grande pânico e ao tentar escapar para a margem oposta à cidade ao tentar atravessar a ponte das Barcas que unia as duas margens, atendendo ao peso que sobre ela incidia, desabou arrastando para a morte mais de 4 mil pessoas, muito embora as contas da mortandade pela conquista da cidade apontem para mais de 10 mil pessoas.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A 2º invasão francesa-1ªparte

Entretanto Napoleão entrara em Espanha a 4 de Novembro de 1808 disposto a resolver de vez a questão ibérica trazendo com ele, uma força superior a 200 mil homens.

Esta grande ofensiva dirigida pelo próprio imperador levou Sir John Moore,chefe das forças britânicas na Península, a deslocar a maior parte das forças britânicas existentes em Portugal, para Espanha com o objectivo de, juntamente com os exércitos espanhóis, enfrentar esta ameaça.

A campanha terminou com a retirada das tropas britânicas após a batalha da Corunha (16 de Janeiro de 1809).

Napoleão, entretanto, tinha voltado para França para enfrentar os austríacos que o pressionavam sob a ameaça de invasão. tendo deixado a perseguição do exército britânico a cargo do seu II Corpo de Exército, sob comando do marechal Nicolas Soult.

As ordens que Soult tinha recebido de Napoleão consistiam em marchar em direcção ao Porto após o embarque das tropas britânicas na Corunha, devendo aquela cidade ser ocupada a 1 de Fevereiro.

Quando Soult deixou a Corunha dirigiu-se a Ferrol que se submeteu sem dificuldade a 26 de Janeiro de 1809. À vontade da população em resistir aos franceses, opunha-se a falta de determinação dos comandantes militares. O mesmo sucedeu com Vigo e Tui. No dia 2 de Fevereiro a guarda avançada de Soult chegou à margem norte do rio Minho mas só no dia 16 de Fevereiro, depois de estarem reunidas todas as forças, foi feita a tentativa de entrar em Portugal.

A primeira tentativa de Soult para entrar em Portugal foi levada a cabo entre Camposancos (na margem norte, a cerca de 3 km da foz do rio Minho) e Caminha (na margem sul).

A travessia foi tentada em duas ou três dezenas de barcos de pescadores e, desta forma, apenas podiam ser transportados cerca de 300 homens de cada vez. As forças irregulares portuguesas que vigiavam na margem sul abriram fogo e só três embarcações chegaram ao seu destino com trinta e poucos homens que foram imediatamente aprisionados.

Soult decidiu não fazer outra tentativa de atravessar o Minho e deu ordem às suas unidades para marcharem em direcção a Ourense e daí seguirem em direcção a Chaves pelo vale do rio Tâmega.

Numa viagem marcada por confrontos com os insurrectos espanhóis, as primeiras forças chegaram a Ourense no dia 20 de Fevereiro e encontraram intacta a ponte que lhes permitia atravessar o rio. Só no dia 24 estavam concentradas todas as forças. Soult conservou o seu quartel general em Ourense por mais 9 dias para reabastecer e reparar equipamentos. O avanço para Portugal ficou marcado para 4 de Março.

No dia 4 o exército francês marchou de Ourense para Allariz e daí para Monterrei onde esperou mais três dias para permitir às unidades e trens mais à retaguarda acompanharem o grosso das forças.

No dia 10 de Março retomou a marcha em direcção a Chaves com forças em ambos os lados do Tâmega. As forças espanholas do marquês de La Romana tinham retirado daquela região e o brigadeiro Silveira governador militar de Trás-os-Montes, ficou isolado perante o invasor.

Outras forças portuguesas encontravam-se em Braga e Porto, sob o comando do general Bernardim Freire de Andrade, governador militar do Porto, mas foi decidido que não se juntariam a Silveira.

Perante a impossibilidade de resistir ao invasor, Silveira retirou as suas forças regulares para as posições de São Pedro de Agostém, a sul de Chaves.

No entanto, as numerosas forças irregulares que o acompanhavam bem como parte do Regimento de Infantaria 12 de Chaves, decidiram defender aquela praça. Soult resolveu começar por atacar as forças do brigadeiro Silveira em São Pedro que foram obrigadas a retirar para Vila Real.

Sentindo-se menos protegidos os defensores da praça de Chaves renderam-se no dia 12 de Março. Soult fez de Chaves a sua base para as futuras operações em Portugal.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-10ºparte

  • Reestabelecimento da regência
Em 18 Setembro uma proclamação do general britânico Dalrymple, anuncia o reestabelecimento da Regência, para que se possa fazer a transferência do poder em Lisboa do exército britânico para as autoridades portuguesas.

Na constituição da nova Regência são excluídos o principal Castro, Pedro de Melo Breyner e o conde de Sampaio, por suspeitos de excessiva colaboração com os franceses.



  • O exercito português é reestabelecido oficialmente
O exército português é reestabelecido oficialmente, por meio de uma portaria com um Edital anexo, onde se informam os oficiais, os sargentos e os soldados dos locais onde se estão a reorganizar os antigos corpos.
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«Para restaurar as unidades dissolvidas pelos franceses, o exército português é reestabelecido oficialmente, por decreto de 30 de Setembro de 1808, no qual o Príncipe Regente ordena que se formem “todos os Corpos de Infantaria, Cavalaria e Artilharia, que compunham o mesmo exército no tempo que foi completamente desorganizado pelo intruso Governo Francês, e Ordenam que todos os Oficiais, Oficiais Inferiores, Tambores e Soldados se reúnam no espaço de hum mez àqueles Corpos a que pertenciam antes da sobredita desorganização, nos seus antigos Quartéis, declarados na relação junta a este edital.”

e, em edital anexo da mesma data, se informam os oficiais, os sargentos e os soldados dos locais onde se estão a reorganizar os antigos corpos.

  • Regimentos de infantaria
  • 1, 4, 10, 13 e 16 Lisboa;
  • 7 Setúbal;
  • 19 Cascais;
  • 5, 7 e 22 Elvas,
  • 3 Estremoz;
  • 8 Castelo de Vide;
  • 15 Vila Viçosa;
  • 20 Campo-Maior;
  • 2 Lagos;
  • 14 Tavira;
  • 11 Viseu,
  • 23 Almeida;
  • 6 e 18 Porto;
  • 9 Viana
  • 21; Valença;
  • 12 Chaves
  • 24 Bragança.
  • Regimentos de Cavalaria
  • 1, 4 e 7 Lisboa;
  • 10 Santarém;
  • 8 Elvas;
  • 2 Moura;
  • 3 Beja;
  • 5 Évora;
  • 11 Almeida;
  • 6 e 9 Chaves
  • 12 Bragança.
  • Regimentos de Artilharia
  • 1 S. Julião,
  • 3 Estremoz,
  • 2 Faro,
  • 4 Porto.
Fonte:Lagos militar

  • Uma nota da Junta Central de Espanha
No dia 16 de Outubro a Junta Central de Espanha, constituída para fazer frente ao rei usurpador José Bonaparte, enviou uma nota à regência portuguesa em Lisboa, retomando as relações entre os dois países interrompidas desde que Carlos IV, pai de Carlota Joaquina declarara guerra a Portugal.

Esse reatar de relações inseria-se num movimento diplomático, que lembrando a importância da nossa rainha, na sucessão da coroa espanhola, atendendo ao facto de após o que se chamou o Motin de Aranjuez, o seu irmão Fernando VII ter ocupado o trono de Espanha depondo o pai ,mas que por sua vez Napoleão tinha substituído pelo se irmão José Bonaparte.

Por tudo isto, chegou muita gente a ponderar a possibilidade da Rainha, se retirar para os territórios Espanhóis no rio da Prata onde hoje se situa o Uruguai e a Argentina, iniciando um movimento absolutista independente dos reinos de Portugal e de Espanha, embora sob protecção inglesa,

Na amalgama de interesses a posição que oficialmente Carlos Joaquina assumiu foi a resposta que deu à Junta Central foi a que estaria pronta para passar para esse domínios espanhóis para ocupar a regência por todo o tempo que o meu querido irmão e demais família permaneçam na sua actual desgraça

terça-feira, 22 de maio de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-9ºparte

  • Retirada de Junot e do exercito francês
A declaração de derrota dos franceses feita na Convenção de Sintra, a 30 de Agosto de 1808, na qual foi assinado um acordo entre a Inglaterra e a França, encerrou a primeira invasão francesa a Portugal, sendo que Junot teria de retirar as suas tropas sem maiores perdas e em segurança, retirada que se iniciou a 15 de Setembro

Este acordo foi criticado como disse anteriormente não só por algumas individualidades portuguesas mas também pela corte inglesa, que condenou o facto dos oficiais britânicos em Portugal, permitirem a retirada dos franceses de modo tão pacífico e sem qualquer consequência de maior.

Feito este acordo, Wellington ganhou o controle de Lisboa e da linha de defesa da barra do Rio Tejo, sem necessidade de combate.

  • A Legião portuguesa ao serviço de Napoleão
Uma política napoleónica repetida em todos os países era a formação dum exercito nos países invadidos que eram afastados do seus pais e englobados no exercito francês para combater noutros países em Portugal, ficariam estacionadas somente as tropas francesas.

A Legião Portuguesa então formada contava com cerca de nove mil homens, assim distribuídos: os soldados dos 24 regimentos de Infantaria formavam cinco de Infantaria e um de Caçadores a Pé; com os doze regimentos de cavalaria formou três, dos quais um com artilharia.

O general Junot escolheu para chefiar a Legião Portuguesa o general de Divisão D. Pedro de Almeida, marquês de Alorna, coadjuvado por um segundo-comandante, o tenente-coronel Gomes Freire de Andrade, um antigo combatente nas tropas de Catarina II da Rússia, onde se notabilizara na conquista de Oczacov, e que também combatera no Rossilhão

A partida da Legião Portuguesa foi marcada para Abril de 1808. Em Junho desse ano, esta já se encontrava em França, com menos de três mil membros, que entretanto desertaram pelo caminho (em Espanha, pois recusavam-se a combater por Napoleão), onde foi inspeccionada pelo imperador.

A Legião Portuguesa fora também alvo de um decreto, publicado em França a 5 de maio, que a organizava e estabelecia formalmente, recebendo o nome que a acompanhou até 1813.

A segunda divisão da Legião Portuguesa voltou a Espanha, por onde passara recentemente na viagem para França, para ajudar as tropas francesas a controlarem as revoltas contra os invasores, que entretanto tinham rebentado neste país.

Deste modo, os soldados portugueses vieram a participar, por exemplo, no cerco de Saragoça, de 2 de Junho a 13 de Agosto, onde pereceram para cima de 140.

As baixas sofridas pelas forças invasoras e os seus aliados levaram Napoleão a reorganizar a Legião Portuguesa, que de seguida foi enviada para Grenoble.

Em Março do ano seguinte, Napoleão ordenou a organização de uma décima terceira meia-brigada, composta por soldados portugueses que foram integrados nos granadeiros do marechal Oudinot, onde estes se destacaram a ponto de o imperador ter ordenado, a 12 de Junho, que estes recebessem o mesmo pré e os oficiais o mesmo soldo que os militares franceses de igual patente.

Em 1809, os soldados portugueses voltaram a evidenciar-se em Aspern e em Wagram (somente com 1800 efectivos), onde foram decisivos para a vitória francesa e onde sofreram 491 baixas, entre as quais a do marquês de Loulé.

Fonte: Infopédia

terça-feira, 3 de abril de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-8ºparte

  • A batalha da Roliça
Após o desembarque das força britânicas, cerca de 13 000 homens, no cabo Mondego, perto da Figueira da Foz, no dia 1 de Agosto sob o comando de Arthur Wellesley futuro duque de Wellington a que se juntaram cerca de 6000 portugueses, muito embora grande parte das forças portuguesas não tenham tomado parte no início das operações por não concordarem com o comando britânico, que segundo eles ao pretenderem deslocar-se para Sul, iriam deixar o Norte à mercê das forças francesas.

Informado do desembarque, Junot enviou o General Delaborde, no dia 6 de Agosto, com uma força relativamente pequena, com a missão de observar e, se possível, impedir o avanço inimigo. Deviam juntar-se-lhe as forças do General Louis Henri Loison que se encontravam em Tomar. No dia 13 de Agosto a força anglo-lusa sai de Leiria e no dia seguinte entra em Alcobaça. No dia 15 entrou nas Caldas da Rainha e foi na aldeia de Brilos, nos arredores, que se trocaram os primeiros tiros entre os destacamentos avançados de ambas as forças. No dia 16 o corpo expedicionário de Wellesley continuou o avanço para Sul e, depois de ter passado Óbidos, avistaram forças francesas posicionadas perto da povoação da Roliça.

As forças luso-britânicas em muito maior número atacaram as posições francesas no dia 17 de Agosto obrigando Delaborde a retirar

  • A batalha do Vimeiro
Após o Combate da Roliça, Wellesley dirigiu as suas forças para a região do Vimeiro com a finalidade de proteger o desembarque das brigadas comandadas pelos brigadeiros-generais Anstruther e Acland., que ainda se encontravam a bordo da armada fundeada ao lorgo da costa Atlântica.

Junot tinha as suas forças concentradas em Torres Vedras. No dia 20 ao fim da tarde, dirigiu-se ao encontro das forças anglo-lusas.

Da refrega resultou nova derrota das forças francesas que em Torres Vedras, Junot e os seu generais reuniram-se para analisarem a situação.

Resolveram que o exército não estava em condições de enfrentar nova batalha e que a melhor saída desta situação era tentarem negociar com os britânicos.

Os Franceses cediam Lisboa com todos os seus armazéns e riquezas intactos em troca da possibilidade de retirarem o exército para França em condições de segurança.

O resultado das negociações que se seguiram foi a Convenção de Sintra que tão grande escândalo provocou.

  • A convenção de Sintra
Foi assinada em Sintra no dia 30 de Agosto de 1808 e suscitou viva contestação por parte dos portugueses, porque a mesma foi rubricada sem a intervenção de um único representante de Portugal. O bispo e Porto presidente da junta governativa reclamou o facto do acordo de paz, conter clausulas que permitia que o exército francês se retirasse de Portugal com todas as suas bagagens onde se incluíam, claro o produto das suas pilhagens, amnistiando todos os que com eles tinham colaborado

Mesmo perante estes protestos incluindo o do embaixador em Londres D.Domingos de Sousa Coutinho, a convenção foi rigorosamente aplicada

Esta convenção foi assinada entre o general Kellerman(França) e Geoge Murray(Inglaterra)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-7ºparte

  • O conde de Ega é nomeado encarregado da Justiça
O 2º conde de Ega, chamado Aires Matos e Noronha casou em 2as núpcias com D. Juliana Maria Luísa Carolina Sofia de Oyenhausen e Almeida, condessa de Oyenhausen Gravemburgo, na Áustria, 3.ª filha do conde do mesmo título, Carlos Augusto, e de sua mulher, D. Leonor de Almeida Portugal, marquesa de Alorna.

A formosura da condessa da Ega cativou o general Junot e os seus amores tornaram-se tão públicos que ficou sendo conhecida como amante dele e que terá conseguido que o conde de Ega tenha sido nomeado por Junot encarregado da Justiça

  • A chacina de Évora por Loison

No dia 17 de Julho, o Tenente-general Francisco de Paula Leite de Sousa aceitou a direcção do governo militar que, a partir do dia 20 de Julho, passou a ter sede em Évora.

Dali foram expedidas ordens para a concentração, naquela cidade, das forças que já estivessem organizadas em diversas terras do Alentejo e procurou-se dar alguma instrução militar a alguns grupos armados que se tinham formado sem qualquer disciplina.

Entretanto chegou a notícia que forças francesas tinham saído de Lisboa e se encontravam já a Sul do Tejo. Tendo verificado que as notícias de desembarque de forças britânicas na costa portuguesa eram falsas, Junot decidiu enviar uma expedição para pôr fim ao movimento insurreccional e garantir a posse da linha de comunicações entre Lisboa e Évora.

No dia 25 de Julho, uma força francesa sob o comando de Loison atravessou o rio até Cacilhas e dirigiu-se para Évora. No dia 26, os franceses chegaram a Pegões.

Com as notícias da aproximação dos franceses, o general Paula Leite enviou um destacamento para Montemor-o-Novo com um efectivo de 650 homens de infantaria, 50 cavalos e 6 bocas de fogo. Comandava este destacamento o coronel Aniceto Simão Borges.

Reconhecendo que estas tropas não eram suficientes para enfrentar as forças francesas que se aproximaram, foi enviado um reforço de 400 homens e 2 bocas de fogo mas este corpo de tropas, quando se dirigia para Montemor-o-Novo, cruzou-se com forças em retirada que anunciaram a derrota do destacamento do coronel Aniceto Borges.

Assim, este segundo destacamento retrocedeu rapidamente para Évora, onde entrou na manhã do dia 28 de Julho, criando a maior preocupação naquela cidade.

Entretanto, prosseguiam os trabalhos de organização da defesa da cidade. Na manhã do dia 29 ainda chegaram a Évora reforços de Vila Viçosa e de Jerumenha. Taparam-se todas as portas da muralha excepto as do Rocio e de Machede.

Apesar daqueles reforços, era preciso ter em conta que as forças luso-espanholas não chegavam aos 2.000 homens. Além destas forças existia uma multidão quase desarmada e sem qualquer preparação militar.

O general Paula Leite decidiu, no entanto, enfrentar as forças francesas em campo aberto, no exterior das muralhas da cidade, em vez de aproveitar a protecção que estas podiam oferecer, apesar da sua degradação, para oferecer uma resistência mais eficaz.

Évora ficou à mercê dos franceses que, apesar da resistência oferecida pelos defensores, ali entraram. O saque da cidade prolongou-se por toda a noite e só no dia seguinte,Loison deu ordem para reunir as suas tropas.

O ataque à cidade de Évora tinha provocado nos portugueses e espanhóis, tropas regulares e civis, um número indeterminado de mortos e feridos que, entre os diversos autores oscila entre 2.000 e 8.000. Os franceses sofreram 90 mortos e 200 feridos

De Évora, Loison seguiu para Elvas e depois para Portalegre onde, no dia 6 de Agosto, recebeu a ordem de Junot para se dirigir para Lisboa seguindo o caminho de Abrantes. Os britânicos tinham começado a desembarcar forças a sul da Figueira da Foz.

  • Desembarque das tropas britânicas do Duque de Wellington

Entretanto, a frota comandada pelo Duque de Wellington (Arthur Wellesley),levantara ferro de Inglaterra a 09 de Julho. O desembarque das tropas britânicas ocorreu no Cabo Mondego entre 01 e 05 de Agosto de 1808. Ao receberem a notícia, os elementos mais destacados do Batalhão Académico avançaram da região de Leiria para a Figueira da Foz, juntando-se assim às tropas de Wellington.

Fonte :wilkipédia



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-6ºparte

  • Deslocação de Loison em direcção ao Porto
No dia 17 de Junho, o general Loison sai de Almeida em direcção do Porto, comandando uma pequena força militar, com o intuito de restabelecer a situação. No dia 21 de Junho, força de Loison, tendo passado o rio Douro na Régua, é atacada por membros das Milícias e das Ordenanças de Trás-os-Montes, nos Padrões de Teixeira, perto de Mesão Frio.

O ataque fez com que a força que dirigia atravessasse precipitadamente o rio e recuasse para Lamego, sendo obrigado a regressar a Almeida.

  • Levantamento de Coimbra
Estudantes vindos do Porto chegaram a Coimbra no dia 23 de Junho e logo fomentaram o levantamento contra as forças napoleónicas ocupantes. Tomou-se o aquartelamento francês alojado no Colégio de São Tomás (actual Palácio da Justiça), foram descobertos os brasões do reino na Câmara Municipal e Mosteiro de Santa Cruz e iniciou-se o fabrico de munições no Laboratório Químico da UC.
Depois os estudantes organizaram-se em torno do estudante Bernardo Pereira Zagalo e marcharam de Coimbra para o Forte de Santa Catarina na Figueira da Foz.
Zagalo arregimentou 40 praças, sendo 25 estudantes voluntários e, na tarde de 25 de Junho de 1808, avançou em direcção a Tentúgal e Montemor-o-Velho.

Com os povos vindos de Coimbra, Tentúgal, Carapinheira e Montemor, armados com foices, pás, enxadas e forquilhas, o destacamento atingia 3.000 homens quando na tarde de 26 de Junho se começou a abeirar do Forte de Santa Catarina.

Zagalo não foi o único oficial a distinguir-se. No levantamento das populações desempenhou papel de relevo o sargento António Cayolla. A Torre da UC funcionou como centro de emissão de mensagens, através de toques de sinos (nesse tempo os sinos ouviam-se até Tentúgal!) e de fogueiras acesas no topo.

A rendição do forte ocorreu no dia 27 de Junho de 1808, com Zagalo coroado de glória. As operações militares não terminaram com a conquista do Forte de Santa Catarina. O Batalhão Académico avançou para sul, tendo libertado Soure, Condeixa, Pombal, Leiria e Nazaré.


Fonte : Guitarra de Coimbra

  • Criação de Juntas da Inconfidência

Em Junho de 1808, num contexto de reacção contra a presença do ocupante francês, sem um centro político orientador, cabe à iniciativa local, através do seu braço popular ou das autoridades e dos corpos sociais preponderantes das terras, iniciar um movimento restaurador com vista à substituição das autoridades francesas.

Deste movimento restaurador, surgido com maior ou menor espontaneidade, nascem novas instituições que assumem funções essencialmente relacionadas com a defesa do território. Surgindo em terras de maior proeminência social e política cedo se aliam em torno da direcção unificadora da Junta Provisional do Governo Supremo, sediada no Porto, que procurou ter uma acção política a nível de todo o território continental até à reposição do Conselho de Regência.

Surgem assim na Província do Minho, mas também em Trás-os-Montes, as Juntas, sobretudo nas terras cabeças de comarca, Valença, Braga, Guimarães, Barcelos, Vila Real, Torre de Moncorvo, Miranda do Douro, ou sedes de governos militares de cariz provincial, Viana e Bragança e na cidade do Porto, onde se vai estabelecer uma Junta Suprema. Em muitos concelhos, sobretudo com assento em Cortes, vão também surgir governos políticos em forte articulação com os governos administrativos camarários, que agregam às câmaras representantes dos três braços da Nação, clero, nobreza e povo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-5ºparte

  • Novo governo formado no Brasil

Três dias depois do desembarque foi constituído o novo ministério sendo D.Fernando José de Portugal e Castro o marquês de Aguiar, antigo governador da Baía e antigo vice-rei do Brasil, foi nomeado ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino, Rodrigo de Sousa Coutinho, conde de Linhares, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, salientando-se o afastamento de António de Araújo Azevedo de acordo com o alinhamento político para com a Inglaterra sendo este ministro considerado demasiadamente aberto as posições francesas.

A questão entretanto colocado foi a da instalação de tão numerosa comitiva, que conduziu a verdadeira onda de desocupação dos proprietários que naturalmente causou grande indignação e descontentamento , levando a que houvesse desde logo uma medida régia de fomento de construção em terrenos não aproveitados, estabelecendo isenções ou reduções de décima.

  • A conquista da Guiana francesa
Na sequência da declaração de guerra à França em que se anulavam todos os tratados anteriores entre os dois países, a justificação para a conquista da Guiana era de origem defensiva do litoral brasileiro, dada a relativa proximidade daquela colónia francesa.

Com o apoio duma força naval inglesa, organizou-se uma expedição sob o comando do tenente-coronel Manuel Elvas Portugal, ocupando em Novembro a capital Caiena que capitulou face ao cerco a que esteve sujeito. Embora em Janeiro do ano seguinte se tenham assinado os termos da posse da Guiana por Portugal o certo é que nunca aquele território foi declarado oficialmente como fazendo parte do território nacional.

D.João viria em 1817 abandonado a Guiana após novo acordo com a França, após tentativa de troca com Olivença

  • A revolta no Algarve

Em finais de Maio, ao mesmo tempo que Loison tinha sido enviado para Almeida, uma outra força francesa tinha sido enviada para Alcoutim sob o comando do general de brigada Avril.

Sevilha revoltou-se no dia 26 de Maio, tendo-se organizado uma junta de governo que entregou o comando das forças militares ao general Castaños, comandante do Exército Espanhol , cujo quartel-general era em Algeciras.

Em 10 de Junho, devido aos acontecimentos do Porto, e preparando-se para que o mesmo acontecesse no sul, as forças de Avril e de Maurin foram recolocadas por ordem do general Junot. Ao general Avril foi ordenado que ocupasse Estremoz e Évora, e mandasse um batalhão do Regimento de Infantaria n.º 86 para Elvas.

Ao coronel Maransin, comandante da Legião do Sul, que supria as funções do general Maurin, doente em Faro, que substituísse as forças de Avril em Mértola e Alcoutim e que defende-se o Algarve com o batalhão do Regimento de Infantaria Ligeira n.º 2616.

Era uma decisão controversa já que ao substituir as tropas de Avril, veteranas, pelas de Maurin, pouco fiáveis, abandonava qualquer ideia de apoio à expedição de Dupont, e ao manter um único batalhão no litoral algarvio, permitia a revolta da população contra a ocupação.

De facto, no Algarve, a sublevação começou oficialmente no dia 16 de Junho, dia do Corpo de Deus, em Olhão, sob a direcção do coronel José Lopes de Sousa, governador da praça de Vila Real de Santo António.

Mas a revolta desenvolvia-se desde pelo menos o dia 12 de Junho, véspera do dia de Santo António, possivelmente devido ao conhecimento que se teve em Tavira da revolta do Porto, informação trazida por dois barcos que pescavam naquelas águas.

A actuação dos revoltosos de Olhão, no dia 18, promoveu a revolta de Faro do dia 19 de Junho de 1808, dirigida por oficiais do Regimento de Artilharia n.º 4 (de Lagos).

As tropas francesas começaram a abandonar o Algarve a partir do dia 21 de Junho concentrando-se em Mértola. A coluna francesa chegou a Beja no dia 26 já bem longe do Algarve e sobretudo bem longe da Andaluzia.

Nesta província a luta contra as forças militares francesas continuava como em todo o território espanhol.

Os oficiais britânicos continuavam sem perceber o que se passava em Portugal, muito menos as movimentações das forças francesas, não tendo as forças navais nem as forças terrestres britânicas qualquer influência no decorrer da revolta algarvia e muito menos da andaluza.

O que se passou foi que a revolta das províncias do Norte de Portugal tinha obrigado o comando francês em Portugal a modificar o dispositivo das suas forças, fazendo-o abandonar a ideia de apoiar as forças francesas em Espanha.

A revolta do Algarve permitiu, contudo, que o exército de Castaños não tivesse que se preocupar com a sua retaguarda, quando avançou contra Dupont, em 27 de Junho, já que as forças francesas estacionadas no Algarve tinham abandonado o reino em 21 de Junho.

A ligação entre as diferentes acções militares em todo o espaço ibérico foi uma constante desde o princípio da Guerra.

Referência : O portal da História

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Acontecimentos no ano de 1808-4ºparte

  • Levantamento de Bragança dirigido pelo general Manuel Jorge de Sepulveda
Eram 5h da tarde de 11 de Junho quando, em Bragança, Madureira Cirne, abade de Carrazedo, recebeu em casa uma carta dando conta da revolta no Porto, informação que passou aos presentes, o cónego da Sé Catedral, Bento José de Figueiredo Sarmento, o bacharel Pedro Álvares Gato, o médico António Afonso Dias Veneiros e outros; logo ali se formulou a intenção de agir, exclamando a abade Madureira Cirne “«é tempo de sacudirmos o jugo francês! Viva o Príncipe Regente»

. Entusiasmado, contacta o capitão Bernardo de Figueiredo Sarmento, do Regimento de Infantaria 24, o governador do bispado, Paulo Miguel Rodrigues de Morais, e o sargento-mor de milícias, Manuel Ferreira de Sá Sarmento. Todos manifestam vontade de um levantamento em armas na cidade contra os franceses, disponibilizando-se, de imediato, a agrupar soldados, milicianos e populares para o efeito, que são encaminhados para a frontaria da Igreja de São Vicente.

Impunha-se aliciar um oficial com o prestígio e a influência necessárias para organizar e comandar a «turba» que se ia juntando. E quem melhor que o jovem general Manuel Sepúlveda, de 73 anos e governador militar provincial?

Este, que se encontrava no interior da Igreja a assistir à tercena de Santo António, aceita o encargo, posiciona-se no cimo das escadas e lança o grito de emulação guerreira: proclamou a restauração dos direitos reinantes da Casa de Bragança, chamou às armas todos os transmontanos, enalteceu o fervor patriótico do povo, ordenou a reorganização de todas as forças militares regulares (Regimentos de Infantaria 24 e Cavalaria 12), Regimento de milícias e Brigada de ordenanças e solicitou um contributo financeiro e em géneros a todos os bragançanos

Mas a grande originalidade da revolta em Bragança prende-se com o facto de nessa mesma noite de 11 de Junho, as palavras do general Sepúlveda terem sido passadas a papel, num claro gesto de firmeza, com a afixação de um edital que referia: “«Devendo pelas circunstâncias ocorrentes dar as provi­dencias conducentes á segurança desta província, por se achar sem tropa alguma de linha: faço saber a todos os desertores simples que em nome do Príncipe regente, N. S e Soberano, lhes perdoo a dita deserção, se se juntarem por estes quinze dias á minha presença nesta cidade e á presença do governador de Chaves, naquella praça e no referido termo, para se alistarem nas tropas, que vou formar desde já com officiais, que sahirão da redução passada. Convido também e mando aos que deram baixa na dita redução, venham alistar-se na referida forma, com vencimento de pão e pret que dantes tinham, até superior resolução. Nas circunstâncias supraditas não é preciso mais palavras para entusiasmar os bons portugueses, tendo o exemplo nos vizinhos hespanhoes. Dado no Quartel General de Bragança aos 11 de Junho de 1808. Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda»

Fonte > Revista Militar artigo do
Tenente-Coronel Abílio Pires Lousada.

  • Notícia publicada na Gazeta de Lisboa sobre a procissão do Corpo de Deus em Lisboa

Em Lisboa, a Procissão do Corpo de Deus é talvez mais magnífica que em alguma outra parte da Cristandade. Assistem a ela, todos os anos, a Corte, o Clero da capital, os Cavaleiros das Ordens Militares do Reino, os Corpos Monásticos e as Irmandades do Santíssimo [Sacramento] das diferentes freguesias desta cidade.

A Procissão decorre na bela Praça do Rossio, as duas magníficas ruas que lhe ficam vizinhas, a Augusta e a Áurea, e a dos Capelistas: todas as casas e janelas deste circuito estão nesse dia armadas de damasco encarnado, de sorte que parecem estar convertidas num vasto Templo, com galerias cheias de espectadores, à roda do qual circula mui religiosamente a mais extensa das procissões.


O Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Duque de Abrantes, desejando ardentemente prestar uma nova homenagem à Religião, quis que a dita Procissão, que neste país é uma festividade nacional, se celebrasse este ano da mesma forma e com o mesmo aparato que nos anos anteriores; mas como fosse sangrado no dia precedente, por causa de uma indisposição que lhe sobreviera, devia, em vez de acompanhar a Procissão, assistir a ela da varanda do Palácio da Intendência Geral da Polícia, situado na Praça do Rossio, diante do qual passava a Procissão; portanto, a dita varanda se achava disposta adequadamente para esse fim por ordem do Senhor Conselheiro do Governo, Intendente Geral da Polícia do Reino.

Sua Excelência passou ao Palácio da Intendência Geral pelas nove horas da manhã; e foi ali recebido pelas principais autoridades militares e civis, assim francesas como portuguesas.

A Procissão começou a sair, pelas dez horas, da Igreja de S. Domingos, contínua à Praça do Rossio; e já a frente dela entrava na Rua Augusta, por entre duas alas de tropas.

Por toda a parte se via estabelecida a melhor ordem; e reinava esta entre o estranho concurso dos habitantes, senão quando um terror pânico se apodera da parte do povo que ocupava o meio da Rua Augusta: o medo vai lavrando, e a multidão se abala até à Praça do Rossio, como se estivesse ameaçada de algum grande perigo; falavam uns em movimento de artilharia, por se costumar pôr todos os anos naquela Praça algumas peças, para saudar o Santíssimo Sacramento; e outros imaginavam que havia um tremor de terra; cada um se figura uma causa grave para uma fugida inesperada, e ninguém sabia ainda que só se tratava de um ladrão que acabava de ser preso na Rua Augusta pela Guarda Militar, e que para fugir favorecido pela confusão, gritara que lhe acudissem, ao escapar-se.

Assim que o Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Duque de Abrantes advertiu, do alto da varanda, nesta agitação, que podia tornar-se perigosa em meio de uma tal multidão, deu as suas ordens e desceu pessoalmente à Praça, ao princípio só, mas em breve se viu seguido dos membros das autoridades militares e civis. A sua presença e a sua voz detém, como por uma espécie de prestígio, aquela multidão que por todos os lados se precipitava: “De que tendes medo? grita ele. Não estou eu em meio de vós? Que podeis recear onde eu estou? Sem dúvida há aqui engano, ou insinuação de alguns dos nossos inimigos comuns. Olhai para as minhas tropas que estão à roda de vós! Sede como elas, tranquilos e imóveis!”.

Imediatamente torna a si todo o povo, ficando cada indivíduo no seu lugar, sem que houvesse (o que custará a crer, não obstante ser um facto sabido de toda a capital) outro acidente senão o estarem por terra cinco ou seis pessoas, mas sem dano algum, e uma tão somente ferida, ao cair. Nem um só soldado saiu da sua fileira ou fez uso da sua arma, ainda que alguns tivessem de cair ao chão; todos porém num instante tornaram a ficar na sua posição.

Sua Excelência o General em Chefe passa logo à Igreja, onde se achava ainda a maior parte da Procissão; ali se vê rodeado de uma multidão imensa, que ignorava o que fora dela tinha acontecido, e que deitada aos seus pés lhe dizia em alta vós: Senhor, livre-nos deste perigo! Declara logo Sua Excelência que a sua intenção é que a Procissão prossiga imediatamente; e que para desenganar as pessoas que pudessem crer que havia o menor perigo, ia em pessoa acompanha-la.

Em menos de dez minutos se torna a formar a Procissão com a mais perfeita tranquilidade e o mais piedoso recolhimento; e faz-se com a mesma solenidade que se observara nos anos em que mais brilhante fora.

O Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Duque de Abrantes, sem embargo de estar doente, e apesar do ardor do Sol à hora do meio-dia, não quis aceitar um pálio (dais) que se lhe oferecera; ia só, a pé, descoberto, precedido dos seus Ajudantes de Campo, e seguido das diversas autoridades militares e civis.

Nunca houve ocasião em que Sua Excelência mais conciliasse a atenção do povo, e que visse da parte deste maior interesse e maiores testemunhos de afeição. Parecia que todos o congratulavam daquela inspiração tão rápida e tão judiciosa, que lhe fizera opôr um remédio certo a uma desordem que, a não ser a sua presença e a confiança universal que ela excita, podia ter bem tristes consequências; davam todos mostras de agradecer-lhe o ter livrado do medo e quase de que soubessem do dito acidente as demais partes da cidade, que disso só ouviram falar depois de se ter acabado a Procissão no maior sossego, e sem que a malevolência pudesse já semear a mais leve inquietação pela pronta maneira com que ficara restabelecida a seguridade.

O resto da tarde e a noite do mesmo dia se dedicaram aos passeios de costume, em carruagem, pela Praça do Rossio e ruas vizinhas; por todas as partes ressoavam as expressões do mais vivo reconhecimento, correndo de boca em boca para com o Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Duque de Abrantes, cuja admirável presença de ânimo, muitas vezes tão necessária no interior das cidades como nos campos de batalha, acabava de fazer a esta capital um tão importante serviço!

[Fonte: 1.º Suplemento à Gazeta de Lisboa, n.º 24, 17 de Junho].